Instituto de Pesquisas Psíquicas Imagick
NOSSA TURMA
Disney
Walt Disney
(Illinois, Chicago, 05/12/1901
- EEUU, 07/11/16 1966)
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Walt Disney estava devendo
15 000 dólares a 43 credores e com sua empresa Laugh O Grams a uns
dias da falência.
Abandonado pelos empregados, Walt
passara a ter como companhia dez ratinhos, que há tempos vinham
freqüentando os restos de comida e a bagunça de um escritório
sem perspectivas.
Para protegê los contra eventuais
raticidas, de um cesto de arame fez uma gaiola e colocou os dentro; com
direito a cama e comida.
Um ratinho mais simpático
foi honrado com o direito de freqüentar a prancheta, roer lápis,
receber sorrisos de aprovação e ser batizado como Mortimer.
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Ficaria, porém,
no coração e na cabeça de Walt. Desta cena, em 1923,
nasceria o Mickey, em 1928.
1908 - Embora Mickey tenha sido
o pó de pirlimpimpim do império Disney, não se pode
esquecer quem o ajudou a decolar rumo aos reinos encantados da fantasia;
da tia Margaret e dos bichinhos da fazenda Crane, do amigo Walt Pfeiffer,
da mamãe Lilian, do vendedor Kay Kamen e, com carinho especial,
do tio Roy.
Walt nasceu em Chicago, Illinois,
a 5 de dezembro de 1901, filho de Elias e Flora, irmão caçula
de Ruth.
Cinco anos depois, a farnilia mudou
se para a fazenda Crane, em Marceline, Missouri, a 150 quilômetros
de Kansas City. Os irmãos, bem mais velhos, tinham outros interesses.
Isolado, Walt procurou a companhia dos animais; e elegeu Charley, o cavalo,
Skinny, o leitão, e Pete, o cachorro, personagens de sua primeira
história de felicidade.
Num dia de seus sete anos, roubou
piche do velho Elias e pôs se a pintar uma cena Skinny
correndo para o lago. O pai descobriu e deu lhe uma surra, dessas que criança
alguma esquece e tampouco perdoa. A sorte de Walt e das platéias
do mundo inteiro foi uma visita da tia Margaret. Ela viu um quadro, pintado
a carvão e às escondidas e, nele, um imenso talento. Recompensou
o com papel de desenho e caixas de lápis. Então, os dias
na fazenda Crane passaram a ser contados em linguagem pictórica.
1910 - Doente, Elias leiloou a fazenda.
Foi um drama cheio de lágrimas para Walt; ficava horas abraçado
ao pescoço de Charley. Era lhe difícil compreender a separação.
A família mudou se para Kansas
City e Elias pôs se a vender jornais e revistas. Walt e Roy o ajudavam,
mas nada recebiam.
Walt começou a soltar se
do ambiente familiar. Tornou se grande amigo de Walt Pfeiffer, seu vizinho,
e, juntos, começaram a freqüentar os teatros de Kansas. Aos
poucos, a dupla foi saindo das platéias para os palcos e fazendo
sucesso com suas piadas.
Foi nessa época que Walt
recebeu seu primeiro prêmio: 25 centavos de dólar, A eles
coube uma lista que chegaria a ter 950 honrarias, inclusive 32 Oscar.
Elias voltou com a familia para
Chicago e Walt foi estudar. Como o ensinavam a fazer muita coisa e ele
só queria saber era de desenho, trocou o ginásio pela Academia
de Belas Artes. Em 1917, Walt tentou alistar se no Exército. Rejeitado
por ter só dezesseis anos, ingressou na Cruz Vermelha e passou um
ano na França, dirigindo uma ambulância, toda coberta de desenhos
seus.
1920 - Após a guerra, Walt
voltou a Kansas City. Conheceu o desenhista Ub Iwerks e se tornaram sócios,
em anúncios por conta própria. Mas, como não dava
nem para comer, passaram a trabalhar para uma produtora de comerciais para
cinema.
Ajudado por Ub, fez uma série
de desenhos, aplicados a produtos comerciais, e chamou os de Risogramas.
Um exibidor gostou, porém achou caro. Ao que Walt garantiu que poderia
produzi los por 30 centavos de dólar cada centímetro. Logo
depois, contando a história a Ub, este lhe lembrou que o custo era
de 30 centavos e perguntou lhe pelo lucro. "Bem", ponderou Walt, "mas isso
dará para custear outras experiências", dando uma amostra
do que seria sua ignorância permanente na essência dos assuntos
comerciais.
Aos 20 anos, Walt fundou a Laugh
O Grams. Fez uma versão cinematográfica de sete minutos de
Chapeuzinho Vermelho e, com ela, conseguiu distribuidores em Nova York,
a 4 000 dólares por filme; só que o pagamento sairia depois
de seis meses e se o filme apresentasse ótimas bilheterias. Assim,
Walt não pôde agüentar. Estava produzindo outras versões,
como Alice no País das Maravilhas, O Gato de Botas e A Gata Borralheira,
quando a Laugh O Grams foi à falência. Conseguiu terminar
um rolo de Alice e enviou o para a distribuidora Winkler Corporation.
1923 Ao completar três
meses de desemprego, tendo apenas um paletó xadrez e uma calça,
roída em vários pontos pelos ratinhos de Kansas, a Winkler
mandou lhe este recado: queria doze filmes e pagaria 1 500 dólares
cada; contra entrega.
Juntou se a Roy, recém curado
de uma tuberculose e com 250 dólares no bolso; tomaram emprestados
mais 500 e abriram uma empresa. Não demoraram as primeiras brigas
com Charles Mintz, da Winkler. Este queria respeito aos prazos
preocupação que Walt jamais teve em sua vida. Sempre foi
um maníaco perfeccionista; uma cena tinha que ser refeita até
sair perfeita. Certa ocasião, promoveu três reuniões
só para decidir se Bambi, num Glose de cinco segundos, piscaria
o olho uma vez ou duas vezes. Não era à toa que perdia dinheiro.
Fez cinqüenta filmes do tipo Alice e 34 deram prejuízos. Não
havia quem segurasse as dividas, em alta. Porém, Walt mantinha seu
otimismo. Quando o primeiro filme apareceu num cinema de Hollywood, ele
correu pelo corredor, saudando a platéia: "Fui eu que fiz. Esse
filme é meu". Era difícil dizer não ao entusiasmo
onipresente desse homem. A datilógrafa Lilian Bounds, por exemplo,
que o diga. Um dia, Roy descobriu que ela, sabendo das dificuldades dos
irmãos, deixava de descontar os cheques dos seus salários.
Sua colaboração tornou se tão habitual que, por vezes,
Walt perguntava lhe: "Roy quer saber se você pode segurar novamente
o seu cheque..."
Essa solidariedade fez Liliam entrar
para a família; a 13 de julho de 1925, ela passou a ser a senhora
Walt Disney. Dessa união duradoura, nasceriam Diane, que viria a
casar se com Ron Miller, antigo astro do futebol americano, e Sharon, com
William Lund, executivo de uma firma internacional de consultoria; e oito
netos: Christopher, Joanna, Tamara, Jennifer, Walter, Ronald e Patrick
(de Diane e Ron) e Victoria (de Sharon e William).
1928 Interessado apenas
no brilhantismo de suas criações, Walt estava arruinando
a empresa. Nessa altura, a função de Roy era arrumar cada
vez mais crédito e dinheiro, para que seu irmão continuasse
à procura da perfeição. Como não é sempre
que financiadores apostam em sonhos, a situação foi piorando.
Até a Winkler, que vinha adiantando os pagamentos, cortou a ajuda.
Walt já tinha criado o personagem
Oswaldo, o alegre coelho, e produzido uma série com ele quando o
dinheiro acabou, de vez.
Enquanto Roy ia procurá lo
de um lado, Walt se dispôs a fazer o mesmo em outro canto: pegou
Lilian e se foi para Nova York.
Ao encontrar se com Charles
Mintz, ao invés de propor negócios concretos e frios, disse
lhe: "Quero fazer de Oswaldo um personagem mais humano". "Nada disso, idéias
novas custam dinheiro e eu quero comprar barato", respondeu lhe Mintz.
"Se é assim, vou levar Oswaldo a outro distribuidor", ameaçou
Walt. Aí. Mintz acabou com a discussão: "Não vai porque
Oswaldo me pertence". Charles Mintz tinha registrado Oswaldo em seu nome.
Em lugar de sentir se liqüidado,
Walt voltou ao hotel e disse a Lilian, desafiando o mundo: "Enquanto eu
viver, jamais trabalharei para quem quer que seja".
A 16 de março de 1928, no
trem em que voltava para Los Angeles, lembrou se de Mortimer. Rabiscou
por várias horas e mostrou o resultado a Lilian, que observou: "Mortimer
não fica bem para um camundongo. Que tal Mickey?" E Mickey Mouse
ficou. Anos depois, Walt contaria esta história: "Quando o trem
chegou a Illinois, eu o vesti: calção pequeno, sapatos grandes
e um par de luvas. Em Kansas, encontrei Minie, sua noiva. E, no Arizona,
sua moral: Mickey seria sagaz e honesto, severo e justo, sedutor e leal".
Enquanto Roy fazia malabarismos
para conseguir dinheiro e afastar credores, Walt produzia os primeiros
filmes, estrelados por Mickey: Plane Crazy, Gallopin' Gaucho e Steamboat
Willie. Roy ficou desesperado ao perceber que estava dificil colocá
los; e, mais ainda, ao ouvir a solução do irmão. Um
ano antes, a Warner Brothers havia inaugurado o cinema falado, ao lançar
O Cantor de Jazz, com Al Jolson. Ainda que fazer o mesmo com um desenho
implicasse um risco imenso, pelo alto custo da produção,
Walt decidiu sonorizar Steamboat Willie aventuras de Mickey num barco do
Mississipi. Era tudo ou nada.
Walt fez a voz de Mickey e iria
fazê la até 1946, quando, ocupado demais, cederia seu lugar
a Jim MacDonald.
A 29 de outubro de 1928, Steamboat
Willie aparecia na tela do cine Old Colony, em Nova York. Grande sucesso.
Começava a terminar a fase negra dos irmãos Disney. Walt
passou dois dias no Colony, sem comer e sem dormir; gozando a delicia de
ver o público aplaudir sua obra.
1932 - Logo depois de Mickey e Minie,
Walt criou Horácio e Clarabela. E, nessa década de 30, iria
criar alguns de seus personagens mais famosos.
Pluto apareceu no final de 1930
e fez sua estréia em The Chain Gang. Hoje, como ontem, é
um cachorro desajeitado, sem o charme de um poodle ou a dignidade de um
galgo. Todavia, por seu amor a Mickey e pelos esforços para agradar,
está entre os campeões mundiais de bilheteria.
Também em 1933, surgiu o
primeiro bandido para Mickey enfrentar: João Perneta. Com o tempo,
perderia a perna de pau e passaria a ser João Bafo de Onça.
Apesar de tanta produção,
a Walt Disney Productions era um saco sem fundo; embora Roy fizesse de
tudo, não havia dinheiro que chegasse aos sonhos de Walt.
Foi ai, em junho de 1932, que Kay
Kamen, um vendedor de chapéus, entrou em cena com esta proposta:
Mickey seria usado como garoto propaganda. Walt e Roy aceitaram e, em um
ano, o camundongo estava vendendo 10 000 artigos em quase todos os setores
do mercado e salvando muitas empresas, inclusive a WDP, que passou a se
encher com a renda dos direitos autorais.
Em 1933, surgiu o Pateta, tipo
amalucado, com métodos próprios e hilariantes para qualquer
habilidade. Ele nasceu como Dippy Dawg, virou Goofy (pateta, em inglês)
e estreou em Mickey's Revue, fazendo uma ponta. Herdou muita coisa de seu
pai Walt: por pior que seja a situação, Pateta vai em frente;
nada consegue derrotar seu otimismo.
O Pato Donald nasceu quando Walt
ouvia seu funcionário Clarence Nash imitar aves e outros bichos,
em 1934. Num dado momento, disse Walt: "Olha, é um pato dando uma
bronca". Em seguida, fez um pato arrogante e atrevido, com blusa e boné
de marinheiro. Mas Donald acabaria se fazendo por si mesmo. Foi incluído
numa ponta insignificante em The Wise Little Hen e, ao ser completada a
fita, descobriu se que ele tinha se tornado o astro do espetáculo.
Para Donald, a razão de seu sucesso é por isto: "Tenho um
palpite de que o público gosta de mim, mas gosta mais ainda ao me
ver tomar na cabeça". Há os que dizem que Donald sempre foi
uma mistura das pessoas que desagradaram a Walt.
1935 Com as Sinfonias
Tolas, abertas com Os Três Porquinhos, em 1931, Walt já estava
produzindo em Technicolor. E, com Flowers and Trees, já havia ganho
o primeiro Oscar. Então, vivia insistindo com Roy que o futuro da
WDP estaria garantido se partissem para o desenho em longa metragem. Até
que Roy concordou.
Um dia, Walt chamou seus animadores,
subiu ao palco e, por quatro horas, representou todos os personagens da
obra dos irmãos Grimm, Branca de Neve e os Sete Anões. A
idéia tinha sido lançada, mas custaria muito.
Roy e Walt procuraram A. P. Gianini,
que, como eles, havia vindo do nada para ocupar o cargo de presidente do
Banco da América. Calcularam que o custo seria de 300.000 dólares,
e essa importância foi concedida. Contudo, não consideraram
a mania de perfeição de Walt. Por isso, o filme foi refeito
cinco vezes e todo o trabalho dos primeiros seis meses foi para o lixo.
Hollywood inteira falava na loucura
Disney. O custo já ultrapassara 1 milhão de dólares
quando Roy e Walt voltaram ao Banco da América para falar com Joe
Rosemberg, o vice presidente. Anos mais tarde, Walt diria: "Vendi lhe 250
000 dólares de fé".
A 21 de dezembro de 1937, Branca
de Neve e os Sete Anões era lançado no cine Carthay, em Los
Angeles. Acabou em 2 milhões de dólares mas iria render 27
milhões.
A fábrica de sonhos não
parava de produzir. Até 1940, iriam apa recer outros longa metragem;
como Pinocchio, de Carlo Collodi, e Bambi, de Felix Salten. E outros personagens;
como Huguinho, Luisinho e Zezinho sobrinhos de Donald
, Mancha Negra, Margarida e Vovó Donalda.
O estúdio de Burbank, perto
de Los Angeles, numa área de 20 hectares, no vale de San Fernando,
ficou pronto em 1940. A essa altura, Walt tinha mil desenhistas trabalhando
em suas criações. Com a guerra, esse complexo passou a fazer
filmes de treinamento e propaganda para as forças armadas e humorísticos
de curta metrágem para manter elevado o moral das tropas aliadas.
Após a guerra, Burbank voltou
a toda; além das novas idéias de Walt, a WDP precisava recuperar
se dos enormes prejuízos. Foi quando surgiu Música, Maestro,
combinando cenas ao vivo com desenho animado. Esse processo iria ser usado
em outros filmes; como Mary Poppins, talvez a produção mais
lucrativa da Walt Disney Productions.
Para desespero do Pato Donald, em
1947, surgiu seu rival, o Gastão. E, logo depois, aquele que completaria
o trio mais famoso de Disney, ao lado de Mickey e Donald: Tio Patinhas.
Aos sábados, Walt passeava
com Diane e Sharon. Enquanto elas se divertiam no carrossel, Walt, sentado
num banco e comendo amendoim, imaginava um mundo que pudesse divertir filhos
e pais.
Não se conteve e resolveu
construir a Disneylândia, num campo de laranjas de 100 hectares,
ao sul de Los Angeles. Roy, sofrendo com o risco dessa nova aventura, observou:
"Isso vai nos custar 5 milhões de dólares". "Já fali
quatro vezes e mais uma não fará mal", respondeu lhe Walt,
confiante. Na inauguração, a 17 de julho de 1955, já
haviam sido gastos 17 milhões de dólares.
A Disneylândia passou a render
somas fabulosas e o estúdio de Burbank não cessava de produzir.
Além disso, seus personagens estavam em quadrinhos, livros e produtos
diversos, no mundo inteiro. A fortuna pessoal de Walt atingia 20 milhões
de dólares.
Lilian pedia a ele que parasse de
trabalhar. Ao que Walt respondia: "Eu morreria se não pudesse ir
em frente e conquistar novos mundos". Além de criar outros personagens
(como o Peninha e o SuperPateta), teve uma derradeira apoteose: construir
na Flórida um Protótipo Experimental de Comunidade do Futuro,
a Disneyworld.
Mas Walt não veria seu último
sonho. A 7 de novembro de 1966, foi lhe tirado o pulmão esquerdo.
Tinha um tumor maligno; talvez por causa do cigarro fumava
quatro maços por dia. No dia 15 de dezembro, às 9h15 da manhã,
seu coração parou de bater e seu cérebro de criar.
Walt Disney e sua esposa, Lillian Bounds, em
1933 |
Extraído
da Revista Realidade
Número 93 - Dezembro
de 1973
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