O desafio de conter a superpopulação e o abandono dos animais nas cidades brasileiras |
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Escrito por Ângela Caruso | |
13-Jul-2009 | |
Para controlar a população de cães e gatos,
diminuir a ocorrência de agravos, o risco de transmissão de zoonoses, o
recolhimento e a eliminação de animais pelos Controles de Zoonoses do
país; a intolerância pelos cães e os gatos por parte da sociedade,
fazendo com que essa rejeição contribua para o excessivo número de
animais abandonados e vitimados por maus-tratos, fica desafiado o Poder
Público a trabalhar na prevenção e no controle animal com vistas à saúde
humana, animal e ambiental ampliando as ações de controle reprodutivo
por método cirúrgico – extensiva e gratuita aos proprietários de baixa
renda - facilitação do acesso às vacinas V8, V3 e contra a Raiva,
tratamento das doenças de pele, controle de endo e ectoparasitos,
registro e identificação por método eletrônico, e notadamente, a
realização de atividades educativas continuadas e pactuadas entre os
municípios e os estados.
Os gestores públicos
devem reconhecer que a promoção da saúde estreita a sua relação com a
vigilância em saúde nas ações que reforçam a mudança de comportamento da
sociedade, amplia a compreensão de bem-estar animal, a responsabilidade
e o direito a qualidade de vida.
O maior desafio
que uma política pública de saúde animal deverá enfrentar é a formação
do vínculo do animal na família. Se atentarmos para uma sociedade que
exclui parte expressiva de animais por ela produzidos, não podemos
esperar que vá tratá-los de maneira adequada quando adoecem, envelhecem
ou necessitam de cuidados especiais. Sabemos que não é automático e
imediato, pelo contrário, é gradativo, e, portanto, necessita de tempo,
investimentos e vontade política para a construção desse novo
comportamento social.
Animais vinculados às
famílias atendem aos preceitos de controle de saúde. É um forte aliado
para o envelhecimento da população animal, o que garante o processo de
imunização pela prática da vacinação anual. Reorganiza o censo animal
nas cidades capacitando uma rigorosa ação de responsabilização dos
proprietários no formato de tríade: acolher, vincular e responsabilizar.
Vejo como um desafio também, a divisão de responsabilidades que deve ter como “ponto de partida” à eficiência do Poder Público em atender a comunidade na assistência e orientação para a convivência com cães e gatos. Rigor no esclarecimento quanto às divergências de informações e uniformidade das normas e diretrizes do processo implementado e planejado com as atividades práticas e educativas, bem como na escala de tarefas deve ser aproveitado o talento e a experiência dos profissionais da área da saúde, organizações não governamentais, voluntários e agentes comunitários. O tripé cultura-estrutura-capacitação deverá estar presente nos princípios que nortearão uma política objetiva para controlar o nascimento de cães e gatos.
Os agentes sociais da saúde animal –
médicos veterinários - devem assumir e difundir que a castração,
inclusive de animais jovens, é saudável, e garante tranqüilidade e
longevidade ao animal impedindo que as indesejadas crias sejam
dispensadas ou “alocadas” sem nenhum critério.
E o derradeiro desafio se estabelece na criação comercial de animais, importante aliado da superpopulação, seguido da venda indiscriminada, dos abusos impingidos aos animais, sem fiscalização, e a conseqüente compra por impulso.
Frente a essa dura batalha devemos nos
lembrar que não se deve desprezar a influência das leis na vida diária
das pessoas. Estudos demonstram, de forma interessante, que a motivação
por detrás da obediência diária às leis não é tipicamente o medo de
punição por ignorar ou desafiar a lei que é à base dos modelos de
contenção. Ao contrário, as principais motivações das pessoas para
obedecerem às leis são encontradas no caráter ético. Mais que um
desafio!
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